quarta-feira, 8 de junho de 2011

Pesquisa de farmacêutica capixaba muda rumo de tratamento para o câncer de colo de útero


A partir da descoberta da pesquisadora da Emescam Débora Dummer Meira, alguns laboratórios internacionais descontinuaram seus estudos e adotaram novos protocolos de pesquisa de medicamentos.
Uma descoberta feita por uma profissional capixaba está mudando a conduta de pesquisas internacionais para o tratamento do câncer de colo de útero, considerado o segundo tumor mais frequente na população feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, com 4.800 vítimas fatais e 18.430 novos casos a cada ano.
A pesquisa, realizada pela doutora em Biociências com ênfase em Oncologia Molecular e coordenadora do curso de pós-graduação lato sensu em Oncologia da Emescam, Débora Dummer Meira, identificou e reverteu falhas na atuação de alguns medicamentos da nova geração que seriam usados no tratamento de câncer de colo de útero, apontando novas estratégias terapêuticas. A partir de sua pesquisa, realizada durante sua tese de doutorado, e dos resultados obtidos em estudos clínicos na Europa e Estados Unidos, alguns laboratórios internacionais descontinuaram seus estudos com o medicamento, adotando novos protocolos.
A última fase da pesquisa desenvolvida pela doutora, que responde por um nome diferente –“Inibição da via PI3K/Akt é um fator determinante para reverter a resistência ao matuzumabe in vitro” – identificou não apenas as falhas no mecanismo de ação de um anticorpo monoclonal em fase de desenvolvimento clínico para o tratamento do câncer, mas também como revertê-las. Recentemente, esses resultados foram apresentados no I Simpósio Sul Americano de Cancerologia, que aconteceu este mês em Vitória. Com base nesse estudo e nos dados clínicos, a multinacional farmacêutica alemã Merck KGaA e a empresa japonesa Takeda descontinuaram as pesquisas clínicas com o matuzumabe, uma vez que o resultado do estudo pré-clínico foi negativo e não se observou melhora dos pacientes em uso dessa medicação nos estudos internacionais de Fase I e II.
Como explicado pela pesquisadora, a falha do matuzumabe (que é um dos anticorpos usados nos testes dos novos medicamentos para tratar o câncer) não estava induzindo a diminuição do tamanho dos tumores e a melhora dos pacientes com câncer como se esperava. “Como os estudos, identificamos por que isso acontecia dentro da célula tumoral e como fazer para reverter o processo. Descobrimos o “Calcanhar de Aquiles” do medicamento, ou seja, o ponto em que ele não fazia o que seria esperado: destruir as células cancerígenas. Conhecendo a biologia molecular da célula tumoral, fomos capazes de interferir nesse processo e fazer com que o medicamento voltasse a funcionar corretamente, levando a célula cancerígena à morte. Além disso, com base nos dados pré-clínicos obtidos, sugerimos alternativas terapêuticas tanto para aquelas pacientes com câncer de colo de útero que são HPV positivas (99% dos casos), assim como para aquelas que são HPV negativas (1% dos casos)”, conclui.

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