quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O vendedor de balas mais fofo do mundo



Muito difícil avaliar o trabalho de alguém. Imagino um professor de artes, cheio de talento, ou não; cheio de teorias – isso, sim, avaliando a obra de um aluno e tendo de se despir de toda a sua vaidade para poder aplicar-lhe uma nota bastante para ambos. Gostando ou detestando esta pessoa, o professor se vê em papos de aranha. Desde que tenha assumido o Tao e o caos do sacerdócio propedêutico, bien sûr. De todo o tudo que lhe restará é a escora da teoria dada pela academia cursada, que é o aquilo que interpela, interpreta  e medeia a relação mestre e aprendiz. Digo isso sem medo e teoria para me escorar ou blindar. Não tenho medo de ter nem de dar opinião. Inclusive, acho feios aqueles que se ausentem sem mais dessas quaisquer discussões que temos pelos botequins e portões cotidianos. A dicção do meu texto é tacanha assim mesmo.
Todo esse envoltório circuncoloquial pra dizer que não saberia desdizer o apraz que me trouxeram uns vídeos descobertos no YOUTUBE. O nome dela é BIA. Dos vídeos lá vão no site, que coisa de citar é chato. Ela saiu pelas ruas descobrindo o que já sabia e foi se emocionar sem beber lágrimas. Tem lá um personagem pictórico (aquele vendedor de balas não é só pitoresco nem na China!). Tem lá um vídeo chato mau feito (eu acho) e ela é linda... e é por isso que eu não sei o que realmente acho do negócio todo.
Existem, já e há muito, coisas parecidas na tv, no cinema, no teatro, no jornal e no próprio YOUTUBE. Perguntar-me-ão como possível é que tal experiência se dê em forma semelhante nas mídias citadas. Sei lá, velhinho. Tô ligado nessas paradas, não. O que queria e não consigo deslindar é o léu com créu dessa vontade de ver e rever os vídeos dela (mesmo o chato e mau feito). Fico achando que, além da protagonista ter uma visage chamativa, ela conseguiu mostrar a alma e a aura da intenção quista. O simples que se quis mostrar tá lá, bem simples. Quase óbvio. Minha pouca inteligência reconheceu-se respeitada. Deve ser isso.
Eu, professor desdito de mim mesmo, consegui tirar nota pra passar de um vídeo pro outro e, assim, agradei não só tudo o que sei, mas, e principalmente, minha ignorância a respeito daquilo que me satisfaz. Passei de ano. Passei a gostar de mais um alguém que não conheço. Viva a ignorância ilustrada da internet. E agora é hora do meu diurético fabricado pelos Laboratories Skol & Bohemia Rhapsody que já pensei demais.

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