segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Le Monde, Guilherme Arantes e eu


Há algum tempo não leio o LE MONDE. Isso equivale a dizer que desisti de achar que sei francês. Eu me neanderthalizei à custa do muito ignorar-me. Deixei de lado todos os meus sonhos tentando ser feliz. GUILHERME ARANTES me convenceu que há coisas mais importantes do que tentar ser feliz. Saber francês me deixaria contente. Talvez eu me alegrasse sabendo ler desgraças gálicas e normandas. Talvez me entristecesse. Ao menos saberia lê-las completas, com suas filigranas literato-jornalísticas.
Não. Escolhi ser pedreiro. Assentar tijolos que me ensinaram que eu deveria ter dado à paciência uma inteligência minha; dois minutos dela, dois palitos... Agora querendo saber, pedem dois dedos. Mas não tenho paciência para aprender a cortá-los, coragem para abandoná-los (cognição lática?)... A dor dodói de qualquer forma.
Forço-me a escrever tentando achar minha mão. Essa frase é fruto da expressão que insinua no desdito a ilação do não saber: perdi a mão; não sei mais escrever como um dia acreditei saber fazê-lo. Na réstia do tentar, encontro algo de reencontro e frasismo: perdi a mão – não leio o LE MONDE – dois dedos me cobram as francesas... Se eu achar o modus, hei de escondê-lo em alguns textos. Minha desistência é infinita e a matemágica das palavras continua desordeira. Que bom, que bom, que bom.

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