quinta-feira, 8 de setembro de 2011

OTHELO

Estou convencido de que o teatro e as artes cênicas são capazes de infundir, nos espíritos possessos e desassemelhados, o sentimento da destruição e da misopedia. Não há como não pensar mal de obras escritas há poucos dias quando os olhos são capazes de saber textos antigos que, mesmo abastados numa feiúra de língua ultrapassada, concentram em si e em tudo o que fazem permear, uma sabedoria perfeita própria das coisas que permanecem longe e discutem com a distância o quilo de todos os corpora: literários, sensuais, sensitivos ou por resgatar. Nós, na insana busca do saber, por prazer mundano e não simplesmente do saber pelo saber, deixamos junto ao rastro varrido pelo vento um dos sentidos mais valiosos: a abstinência. Não ver, não escutar, não sentir gosto, textura ou o odor do tempo presente fez dos homens antigos gênios a tal potência, que hoje nem deveríamos considerar relativas estas dedicatórias insípidas que nos diminuem e por fim deprimem. Estudar Shakespeare não é a solução, mesmo por que é calmo inglês. O mundo acabará antes de sabermos a realidade sobre o ciúme e se a traição é uma dádiva das graças ou um dom casmurro.

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