segunda-feira, 25 de abril de 2011

A TEORIA DO CARDUME

João e Maria são cortadores de cana. João corta por dia uma tonelada de cana (não sei se isso é possível ou impossível, é apenas um exemplo); Maria, por ter menos força, corta meia tonelada de cana por dia. Ao final de um mês, João recebe mil e quinhentos dinheiros. Consequentemente, Maria setecentos e cinqüenta. No dia do pagamento, eles se dirigem ao açougue e decidem-se, após lerem na parede os preços das carnes, que só podem comprar carne moída. João, que chegou primeiro, pede um quilo de boi ralado, é atendido, recebe seu embrulho e paga os sete dinheiros da tabela. Maria faz quase que exatamente o mesmo. Pede seu um quilo, é atendida, recebe um embrulho e mostra ao atendente três dinheiros e cinqüenta centavos. Logicamente o açougueiro lhe diz que a quantia está errada. Então eu me pergunto: o que fazer para Maria conseguir ganhar o mesmo que João e ter o mesmo poder de compra dele? Os repórteres se alvoroçaram, dizendo que não há jeito, as mulheres têm menos capacidade física que o homem, por isso no serviço braçal elas sempre vão ganhar menos. Ao que ela disse ingênuos, desinformados e machistas, arrancando risos da galere. Vou dar mais uma chance para vocês: em uma empresa há vinte caixas de duzentos quilos cada uma. Quantos homens são necessários para levantar e carregar essas caixas? E quantas mulheres são necessárias? Os repórteres se divertiam sem encontrar solução. Talvez vocês nunca tenham entrado em uma fábrica, por isso não saibam que é necessário apenas um homem para carregar as tais caixas. Todas elas, assim como apenas uma mulher também. Basta que a força de seus braços seja igualada através de uma coisa muito conhecida, chamada tecnologia. Uma empilhadeira pode muito bem ser manejada por uma mulher, não é? da mesma forma que a Maria do primeiro exemplo pode colher o mesmo tanto de cana que João, ou mais, valendo-se de uma colheitadeira. A senhora quer ser muito inteligente, mas se esquece que todas essas soluções geram desemprego. Eu não quero ser meu anjo, eu sou. Você é quem quer subir a escadaria pulando vários degraus de uma vez, podendo se machucar. Eu simplesmente estou reconhecendo que homens e mulheres podem trabalhar da mesma forma, ganhando o mesmo. Aquilo gerado pelo emprego da tecnologia no mercado de trabalho é já um passo adiante e quase foge da esfera de discussões a respeito das diferenças entre homens e mulheres. Eu sei muito bem que o mundo é muito bruto e ainda é construído, na maioria dos lugares, a golpes de machado, foice e picareta. Mas Maria precisa comprar um quilo de carne, não é? não podemos simplesmente cruzar os braços e virarmos nossas costas para esse problema só porque sabemos de antemão que a entrada da mulher no mercado de trabalho braçal gera desequilíbrios em uma ordem estabelecida em tempos remotos. A ciência tem de resolver este problema, e pode, por isso deve. E é por isso que luto, dando ênfase na maioria das mulheres. Aquelas que lutam pelo poder em suas empresas somam uma minoria ridícula e têm capacidade intelectual suficiente para agirem individualmente, brigando em pé de igualdade com os homens que disputam aquelas vagas em altos cargos. São formadoras de opinião. Têm todo tipo de informação, vivem a era da informação. Esta é a idéia central da minha Teoria do Cardume: as sardinhas e outros peixes pequenos se agrupam para se defender. Animais aquáticos maiores também procuram alimento em grupo, mas se defendem individualmente. Conforme as mulheres-sardinha se tornam orcas, que caçam em grupo, menos precisam fazer parte de um cardume que as defenda, continuando no porém que o meio lhes impinge como liberdade. Assim como não haverá liberdade para o homem que quiser viver em um meio feminino, mulheres também não respirarão tranquilamente em um meio masculino. E estão equivocadas quando pedem direitos e salários iguais aos dos homens, pois dão a entender que o teto salarial de uma mulher é o piso salarial do homem e, desavisadas, extinguem a questão do mérito. Em um trabalho desenvolvido todo ele em nível intelectual, ganha mais quem trabalha melhor, quem dá mais lucro para sua empresa, independentemente de sexo. Foi um grande erro criar o país dos homens e o país das mulheres. É bastante aceitável falar em universo de um e outro em nível psicológico. O que se vê hoje são mulheres se transformando em homens, pois não conseguem enxergar em suas atitudes, digamos sociais, os maneirismos masculinos, que tão bem caracterizam os homens. E isso é fruto da grilagem do território sexual masculino. As mulheres estão invadindo um território que não lhes pertence e, pior, expulsando de lá seus donos. Não é preciso ser matemático para dizer que, quando o último homem for expulso, o território se tornará feminino. Daí elas vão querer invadir o país onde eles estiverem. E o preconceito, senhora? Veja bem, sempre que se discute uma questão como essa se faz necessário saber que existem dois planos: o ideal e o real. As discussões se dão no plano das idéias, adequando-as depois àquilo que se quer e, principalmente, àquilo que se pode fazer. Também entendo que o esforço é gigantesco e, por isso mesmo, não devemos nos calar.

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